domingo, 12 de maio de 2013

Bússola. Três artigos para ler e pensar



Condenação moral ou religiosa
Qualquer um pode inventar exorcismos para curar gays. Médicos, não

POR CONTARDO GALLIGARIS, VIA FOLHA DE S.PAULO

Em 1999, o Conselho Federal de Psicologia decretou que os psicólogos não devem propor curas para a homossexualidade, visto que a homossexualidade não é um transtorno mental. O deputado João Campos (PSDB-GO) não concorda; ele acha que o CFP não pode "restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional".

O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), paradoxal presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, colocou o projeto de Campos na pauta da dita comissão. Na última hora, a pedido de Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, a pauta foi suspensa.

Existe uma longa e sinistra história das terapias que pretendem "curar" os homossexuais, ou seja, "reorientar" ou "converter" sua sexualidade --sinistra, digo, pela violência dos remédios propostos sem fundamento clínico algum (castração, ablação do clitóris, eletroconvulsoterapia etc).

As terapias de reorientação ou conversão, hoje, são defendidas só por associações ou indivíduos inspirados por uma condenação moral ou religiosa da homossexualidade.

Essa condenação é tão legítima quanto qualquer crença, mas ela não pode oferecer uma "cura" em nome de uma disciplina clínica. Em outras palavras, qualquer um, padre, pastor ou charlatão, pode inventar um exorcismo para desalojar o demônio do corpo dos homossexuais. Mas o médico e o psicólogo não vendem exorcismos. Leia mais.


A nova ordem digital
Não acredite nas notícias. A indústria fonográfica vai muito bem, obrigado

POR ANDRÉ FORASTIERI , VIA PORTAL R7

Ninguém mais compra discos. A indústria fonográfica faliu. Todo mundo baixa música de graça. Certo? Errado. Cuidado com o que você lê. E com o que repete. Às vezes até existem fatos nas notícias. Mas quase sempre o que há por trás das notícias são intenções.

O maior mercado de música do mundo é o americano. Caiu em um terço desde seu pico, há dez anos atrás. Nesta década, diminuiu de US$ 11,8 bilhões para US$ 7,1 bilhões. Queda dramática. Mas sete bilhões de dólares estão bem longe de ser nada. Desses sete bilhões, 58% são venda em formato digital, o que obviamente não existia dez anos atrás. Mais de quatro bilhões de dólares de venda de, basicamente, nada, uns bits carregando música.

Não é exatamente ninguém comprando. Considerando que os americanos têm conexões bem melhores que as nossas, e poderiam baixar tudo na pirataria, a venda de música digital é enorme. E esses valores não incluem a receita que as gravadoras conseguem de empresas, é só a venda direta ao consumidor. Leia mais.


Parâmetros da reciprocidade
Depois de tudo que o PSDB fez por ele, Serra será ingrato se não apoiar Aécio

POR ALBERTO CARLOS ALMEIDA , VIA ÉPOCA

Entre 2002 e 2010, Serra foi o principal líder do PSDB. O motivo é que Serra foi, nesse período, a esperança do partido para manter e, posteriormente, voltar à Presidência. A candidatura de Geraldo Alckmin, em 2006, só foi possível porque Serra não quis, na situação de reeleição de Lula, ser candidato.

Durante esses oito anos, o PSDB gravitou em torno de Serra. Os palanques e as alianças de várias campanhas estaduais, para não dizer todas, foram montados para atender à necessidade de tornar Serra nacionalmente competitivo. Inúmeros líderes regionais abriram mão de projetos políticos que consideravam mais factíveis, para ser candidatos a governador com a finalidade de ajudar a candidatura presidencial de Serra. É óbvio que fizeram isso porque quiseram. Mas também é fato que apostaram em Serra.

Uma regra básica do convívio humano é a reciprocidade e a gratidão. As regras que as regem foram estudadas pelos mais renomados antropólogos, entre os quais Bronislaw Malinowski, em seu clássico estudo dos nativos das Ilhas Trobiand, ou Claude Lévi-Strauss e Marcel Mauss, que demonstraram ser impossível a vida em sociedade sem o exercício da reciprocidade. Leia mais.

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