Condenação moral ou religiosa
Qualquer um pode inventar exorcismos para curar
gays. Médicos, não
POR CONTARDO GALLIGARIS, VIA FOLHA DE S.PAULO
Em
1999, o Conselho Federal de Psicologia decretou que os psicólogos não devem
propor curas para a homossexualidade, visto que a homossexualidade não é um
transtorno mental. O deputado João Campos (PSDB-GO) não concorda; ele acha que
o CFP não pode "restringir o trabalho dos profissionais e o direito da
pessoa de receber orientação profissional".
O
deputado Marco Feliciano (PSC-SP), paradoxal presidente da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara, colocou o projeto de Campos na pauta da dita
comissão. Na
última hora, a pedido de Henrique Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara, a
pauta foi suspensa.
Existe
uma longa e sinistra história das terapias que pretendem "curar" os
homossexuais, ou seja, "reorientar" ou "converter" sua
sexualidade --sinistra, digo, pela violência dos remédios propostos sem
fundamento clínico algum (castração, ablação do clitóris, eletroconvulsoterapia
etc).
As
terapias de reorientação ou conversão, hoje, são defendidas só por associações
ou indivíduos inspirados por uma condenação moral ou religiosa da
homossexualidade.
Essa
condenação é tão legítima quanto qualquer crença, mas ela não pode oferecer uma
"cura" em nome de uma disciplina clínica. Em outras palavras,
qualquer um, padre, pastor ou charlatão, pode inventar um exorcismo para
desalojar o demônio do corpo dos homossexuais. Mas o médico e o psicólogo não
vendem exorcismos. Leia mais.
A nova ordem digital
Não acredite nas notícias. A indústria
fonográfica vai muito bem, obrigado
POR ANDRÉ FORASTIERI , VIA PORTAL R7
Ninguém mais compra discos. A indústria
fonográfica faliu. Todo mundo baixa música de graça. Certo? Errado. Cuidado com
o que você lê. E com o que repete. Às vezes até existem fatos nas notícias. Mas
quase sempre o que há por trás das notícias são intenções.
O maior mercado de música do mundo é o
americano. Caiu em um terço desde seu pico, há dez anos atrás. Nesta década,
diminuiu de US$ 11,8 bilhões para US$ 7,1 bilhões. Queda dramática. Mas sete
bilhões de dólares estão bem longe de ser nada. Desses sete bilhões, 58% são
venda em formato digital, o que obviamente não existia dez anos atrás. Mais de
quatro bilhões de dólares de venda de, basicamente, nada, uns bits carregando
música.
Não é exatamente ninguém comprando.
Considerando que os americanos têm conexões bem melhores que as nossas, e
poderiam baixar tudo na pirataria, a venda de música digital é enorme. E esses
valores não incluem a receita que as gravadoras conseguem de empresas, é só a
venda direta ao consumidor. Leia mais.
Parâmetros da reciprocidade
Depois de tudo que o PSDB fez por ele, Serra
será ingrato se não apoiar Aécio
POR ALBERTO CARLOS ALMEIDA , VIA ÉPOCA
Entre 2002 e 2010, Serra foi o principal líder
do PSDB. O motivo é que Serra foi, nesse período, a esperança do partido para
manter e, posteriormente, voltar à Presidência. A candidatura de Geraldo
Alckmin, em 2006, só foi possível porque Serra não quis, na situação de
reeleição de Lula, ser candidato.
Durante esses oito anos, o PSDB gravitou em
torno de Serra. Os palanques e as alianças de várias campanhas estaduais, para
não dizer todas, foram montados para atender à necessidade de tornar Serra
nacionalmente competitivo. Inúmeros líderes regionais abriram mão de projetos políticos
que consideravam mais factíveis, para ser candidatos a governador com a
finalidade de ajudar a candidatura presidencial de Serra. É óbvio que fizeram
isso porque quiseram. Mas também é fato que apostaram em Serra.
Uma regra básica do convívio humano é a
reciprocidade e a gratidão. As regras que as regem foram estudadas pelos mais
renomados antropólogos, entre os quais Bronislaw Malinowski, em seu clássico
estudo dos nativos das Ilhas Trobiand, ou Claude Lévi-Strauss e Marcel Mauss,
que demonstraram ser impossível a vida em sociedade sem o exercício da
reciprocidade. Leia mais.
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